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Olá,tenho 22 anos, sou estudante de Desenho Industrial e utilizo este espaço para mostrar meus trabalhos artísticos e de design gráfico.

Trabalho acadêmico - Sociedade e cultura

astigmatismo-social
Astigmatismo é uma deficiência visual hereditária e pode desenvolver-se com o passar do tempo. Por uma má formação fisiológica, o indivíduo portador experimenta uma visão distorcida, os raios de luz são refratados em diversos pontos da retina, impossibilitando a focalização dos objetos, estejam estes próximos ou distantes.

O diagnóstico do oftalmologista só virá a confirmar o que nosso sentido predileto já captou. A visão é essa ponte segura entre o indivíduo e o exterior à sua volta, se ela quebra, instaura-se o caos interior, já que a realidade apresenta-se de maneira distinta da que era conhecida, e o desconhecido não dá para ser interpretado, codificado, compreendido, logo não é manipulável e confiável. É inaceitável.
O indivíduo portador de astigmatismo social experimenta a sensação do caos diante da alteridade. Para ele, ser diferente é errar, logo sua postura diante do errante é a repulsa, ao repelir-se da presença do errado pensa acertar, e procura afastar-se até ver somente o que lhe é cognoscível, o que lhe parece igual.
Isto, essa sensação, lhe ocorre devido ao ciclo vicioso de uma formação identitária. Por se ver inserido numa identidade, ele se reduz a um conjunto de práticas que lhe escapam a diligência e genealogia. Por acreditar e querer ser igual, abdica, em parte, de infinitas possibilidades que poderia inventar, para viver a sucessiva execução de sua identidade.
Os Oftalmologistas Sociais recomendam, neste caso, que o indivíduo atente para o conceito de igual. O igual é uma abstração humana fruto da verificação de padrões na natureza. Dois objetos jamais terão, em sua totalidade, as mesmas propriedades sendo duas entidades distintas, se assim fosse, seria uma única entidade. Neste sentido, a busca pela igualdade é infundada e anti-social, pois, por definição, excluirá o que se denomina não-igual.
O outro é o indivíduo terceiro. Nós, enquanto indivíduos, somos terceiros para outro indivíduo. Aquele que ataca o outro alegando atacar as propriedades que o torna terceiro, mal sabe que investe contra uma única propriedade, que, aliás, possui: ser um outro. Neste sentido, seguindo sua lógica, deveria atacar a si próprio. Mas quem irá atacar a si próprio? E é por ninguém querer, que vejo na prática do preconceito, uma patologia de cunho ético fruto de uma má sustentação conceitual. Se o igual nunca houve, sempre houve o diferente, e deste, o similar. Aceitar o similar é aceitar o diferente. O astigmatismo social, portanto, será superado quando o indivíduo entender que convivência sempre se deu entre diferentes e nunca entre iguais.

4 comentários:

Anônimo disse...

Essa porra da dor de cabeça!

Luciana Alves disse...

Adorei o texto Felipe.
Parabéns!

Fred disse...

Muito bom rapaz!
=]
parabéns!

Clarissa Marinho disse...

Gostei, me lembrou Jorge Furtado!

beijos

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